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Juninho Pernambucano e sua passagem pelo Lyon

Se você é fã de futebol e, principalmente, vascaíno, certamente é fã de Juninho Pernambucano.

Só de falar o nome já dá aquela nostalgia boa, né? Esse cara foi um verdadeiro gênio nas cobranças de falta e um ícone do Lyon. Vamos viajar um pouco no tempo e relembrar a brilhante passagem desse pernambucano pelo clube francês.

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Primeiramente, antes de chegar ao futebol europeu, o “Reizinho da Colina” brilhou no Brasil. Vamos contar um pouquinho dessa linda história para vocês.

Tudo começou em Recife, no dia 30 de janeiro de 1975. Antônio Augusto Ribeiro Reis Júnior, mais conhecido como Juninho Pernambucano, nasceu com o futebol no sangue. Desde pequeno, já mostrava um talento especial com a bola nos pés. O início da carreira foi no Sport Recife, onde começou a mostrar seu potencial. Mas foi no Vasco da Gama que ele realmente começou a brilhar.

Entre 1995 e 2001, o jogador ajudou o Vasco a conquistar vários títulos importantes, incluindo o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores de 1998. Ou seja, foi ali que o Brasil conheceu o mestre das cobranças de falta.

Não dá para contar a história do jogador pernambucano sem citar esse momento marcante em sua carreira. Juninho marcou um golaço que eliminou o River Plate em pleno estádio Monumental de Nuñez, classificando o Vasco da Gama para a grande final da Copa Libertadores da América.

O gol virou até música para a torcida vascaína, uma música que inflama os torcedores quando cantada, relembrando os momentos de glória da equipe alvinegra.

O grande motivo da saída de Juninho foi a falta de valorização por parte da diretoria. O meia, que era uma das principais estrelas do Vasco, continuava com um dos mais baixos salários do elenco. Após não conseguir um aumento com a direção, resolveu ser o primeiro jogador brasileiro a entrar na justiça após a instituição da Lei Pelé, que pôs fim ao passe dos clubes brasileiros.

Essa briga judicial se prolongou durante seis meses, e o jogador ficou sem atuar durante esse período. Sua situação mudou quando o treinador do Olympique Lyonnais, Jacques Santini, indicou sua contratação em 2001.

Por meio de uma liminar, Juninho conseguiu se transferir. O Vasco, que enfrentava dificuldades financeiras na época devido ao rompimento com o Bank of America, deixou de faturar R$ 62 milhões com a saída do jogador de graça para o Lyon. Esse valor resolveria tranquilamente os problemas do clube nos anos seguintes.

Em sua primeira passagem pelo Vasco, o Reizinho atuou em 295 partidas, marcou 55 gols e conquistou 10 títulos.

No começo dos anos 2000, o Lyon ainda estava tentando se firmar como uma potência na Ligue 1. E aí, em 2001, desembarca por lá um tal de Juninho Pernambucano, vindo direto do Vasco da Gama.
O que aconteceu a seguir foi uma verdadeira revolução. De um time promissor, o Lyon passou a ser um time vencedor, e muito disso graças ao talento absurdo de Juninho.

No começo, muita gente talvez não imaginasse o impacto que ele teria, mas bastaram alguns jogos para perceber que o pernambucano não era só mais jogador comum. Ele tinha uma visão de jogo espetacular, uma habilidade de passe de deixar qualquer um boquiaberto e, claro, aquelas cobranças de falta que eram simplesmente mágicas.

O estádio Gerland virou palco de espetáculos memoráveis, pois cada falta próxima da área adversária era uma chance clara de gol, e os torcedores do Lyon sabiam disso. A ansiedade no ar, o silêncio antes da cobrança, e depois… o grito de gol! Era uma coisa linda de se ver.

juninhos pernambucano correndo em campo
Juninho é considerado um dos grandes ídolos do Lyon na sua história (Foto: PHILIPPE MERLE/ AFP – Getty Images)

E não era só nas faltas que ele brilhava. Juninho era um meio-campista completo. Tinha uma inteligência tática fora do comum, distribuía o jogo com maestria e ainda sabia liderar o time dentro e fora de campo. Era o coração do Lyon, aquele jogador que todos olhavam em busca de inspiração, e ele nunca decepcionava.

O jogador passou oito anos no Lyon, de 2001 a 2009, e foi uma fase dourada para o clube. O Lyon, que até então não tinha grande expressão no cenário francês, conquistou sete títulos consecutivos da Ligue 1, de 2002 a 2008, uma verdadeira dinastia no futebol francês, e Juninho estava lá, sendo peça-chave em todas essas conquistas.

As cobranças de falta de Juninho eram algo fora do comum, não importava a distância, o ângulo ou a barreira. Se Juninho estava preparado para cobrar, o goleiro adversário podia se preparar para buscar a bola no fundo da rede.

Com um estilo único e uma precisão quase cirúrgica, ele se tornou um dos maiores especialistas em bolas paradas do futebol mundial. Não era só força, mas pela técnica, colocava a bola onde ninguém esperava.
E não era só na França que ele fazia sucesso. Na Europa toda, o nome Juninho Pernambucano virou sinônimo de excelência em cobranças de falta. Ele redefiniu o que significava ser um especialista nesse quesito. Muitos tentaram imitar, poucos chegaram perto.

No Lyon, atuou ao lado de grandes jogadores como Karim Benzema e o brasileiro Fred, ídolo do Fluminense.

No entanto, mesmo tendo saído pela “porta dos fundos” do Vasco e ficado algum tempo sem atuar, Juninho foi convocado para a Seleção Brasileira para a disputa da Copa América de 2001 e chegou com moral ao clube francês.

Acabou retornando à Seleção em 2003, sob o comando de Carlos Alberto Parreira. Porém mesmo não tendo participado da Copa América de 2004 (a seleção disputou a competição com uma espécie de time “B”), esteve presente no título da Copa das Confederações de 2005. Participou de três partidas, marcando na primeira, na vitória sobre a Grécia por 3 a 0.

Também jogou a final contra a Argentina, jogo no qual o Brasil venceu por 4 a 1. O jogador teve uma participação importante na campanha das eliminatórias da Copa de 2006, participando de 11 das 18 partidas que o Brasil disputou.

Na Copa do Mundo de 2006, o Pernambucano disputou três partidas, marcando um gol em sua estreia contra o Japão. No total pela Seleção Brasileira, disputou 40 partidas e marcou seis gols.

Depois de deixar o Lyon, Juninho passou pelo Al-Gharafa, no Catar, antes de voltar ao Vasco em 2011. Ainda fez uma breve passagem pelo New York Red Bulls, nos Estados Unidos, antes de encerrar sua carreira de jogador em 2013, novamente no Vasco da Gama.

Entretanto, a história do jogador não termina no campo. Após pendurar as chuteiras, ele se aventurou como comentarista esportivo e dirigente. E ademais, seu legado no futebol é imenso e inspirou uma geração de jogadores a aprimorar suas habilidades em cobranças de falta e mostrou que, com dedicação e talento, é possível transformar o jogo.

cartaz em homenagem a Juninho pernambucano
Mosaico da torcida do Lyon em homenagem ao Juninho Pernambucano (Foto: Emmanuel Foudrot – Reuters)

Além disso, como ídolo do Vasco da Gama e do Lyon, o jogador brasileiro foi citado por Ken Bray, um físico inglês, em um trecho do seu livro “How to Score: Science and Beautiful Game”. Por conta de suas características técnicas e versatilidade, o escritor o considerou o maior batedor de faltas da história.

O tempo passou, mas o legado de Juninho no Lyon continua vivo. Ele é lembrado não só pelos títulos e pelos gols, mas pela maneira como jogava, pela paixão que colocava em cada partida. Foi um exemplo dentro e fora de campo, um verdadeiro ídolo. E olha, a gente pode falar e falar, mas algumas coisas só dá para sentir. Se você viu ele jogar, sabe do que estou falando. Cada cobrança de falta era um momento de expectativa, um suspiro coletivo, seguido por explosões de alegria.

E se não viu, procure alguns vídeos, vale a pena. Porque Juninho Pernambucano não foi só um jogador de futebol, mas um artista, um poeta da bola. Por fim, sua passagem pelo Lyon é uma história que merece ser contada e recontada, sempre com um sorriso no rosto e um brilho nos olhos.

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